terça-feira, 13 de outubro de 2009

Sem talento pra mulher maravilha

Vivo num pânico constante.
Sou perseguida diariamente por todas as matérias ainda não escritas, todos os releases não divulgados e todos os não entrevistados. A vida é dura!

Sinto um frio na espinha se alguém me lembra que dia do mês é hoje. Seja onde for, sempre me descabelo internamente de pensar no monte de coisas que tenho que resolver. Uma uma autoflagelação involuntária.

Ultimamente eu estou tentando manter a higiene mental em nível aceitável e deixar para lidar com o problema de amanhã na hora em que ele chegar. Afinal, nesses dias sofridos só cheguei a uma conclusão: entre os tantos talentos que eu não possou está o de mulher maravilha.

Faço das tripas coração pra ter tudo ao mesmo tempo mas, quanto mais me desespero, mais me atrapalho!

quinta-feira, 8 de outubro de 2009

Quadro molhado

Essa chuva dá vontade de sair por aí e fotografar tudo.
Cada imagem refletida no asfalto úmido, os guarda-chuvas cheios de gotinhas e o mundo com pressa de se esconder da água.


Só pra olhar um pouco pra vida com os meus próprios olhos. Sem interferências.


A inspiração vem de todos os cantos:


“A good photograph is one that communicates a fact, touches the heart and leaves the viewer a changed person for having seen it. It is, in a word, effective.” Irving Penn - fotógrafo de moda, faleceu ontem, aos 92 anos.

segunda-feira, 13 de julho de 2009

Caixinha de felicidade

Essa história de admirar é tão estranha...
Pensando com o olhar lógico é só você, sem fazer nada ou fazendo tudo.
Mas não sei explicar de onde vem esse magnetismo que faz eu te achar brilhante mesmo que você passe o dia sem levantar do sofá.

Quem diria que nós íamos tão longe assim? sem nenhum truque ou trapaça a gente tá aqui, nem eu apostaria minhas fichas nisso.

Gosto de ver certas coisas indo e vindo tão igual mesmo depois de um tempo. Mas acho que o que me mantém hipnotizada é mesmo o jeito como damos mil voltas pra virar uma novidade e pronto, tá ali algo que eu não tinha.

Tudo incluso no seu kit de benefícios.

quinta-feira, 9 de julho de 2009

Em dias claros como este

Silêncio
Manhã clara
nenhum sol ou calor
luz sem sombra

o mundo em branco
som de nada

Perdia a sustentação

sem achar entusiasmo naquilo
A história se repete

Eu mudo, mas nunca escapo da armadilha
meu chão não é firme

Ressaca, cansaço, dúvida
Termino sempre desacreditada
palavras que derramam mentiras
olhos já buscando outro rumo



terça-feira, 2 de junho de 2009

Mais alguns calos


Sempre que achava ter superado um problema, outros três apareciam para desafiar suas convicções.
O pior de tudo é que ali, bem no meio da confusão, tudo ficava estremecido.
Cada detalhe e cada promessa tinha outra óptica e parecia ganhar outra dimensão. E ainda vinha o cansaço.

Foi necessário algum descontentamento consigo mesma, um pouco de lágrima e o pé bem firme no chão pra redescobrir o que queria.
E a melhor parte é estar segura disso, nem que seja por mais cinco segundos.

Só precisava entender o que realmente queria pra saber por onde caminhar.


'Mas eu sei do que eu preciso. É só de uma certeza nesse grande infinito.'
(Marku Ribas)

quarta-feira, 27 de maio de 2009

só pra registrar

"O mais importante no trabalho que a gente faz não é o que nos pagam por ele, é no que ele nos transforma"

Bonito

Pensei: no que será que ele tá me transformando?


coisa maluca...

segunda-feira, 27 de abril de 2009

Tanta informação

Crise econômica internacional, pré-sal, protecionismo, anti-dumping, fusão, pib zero em 2009, Obama, redução de IPI, ociosidade na indústria, queda nas bolsas da Ásia, superavit na balança (mas só na primeira semana), corte de 1,5 nos juros, desaceleração das exportações, recuperação econômica, BIS - o banco central dos bancos centrais, corte de empregos, Federal Reserve, oscilações em Wall Street, recessão, FMI, derivativos, importação de máquinas usadas, chapas de aço com desconto, contração na liberação de crédito do BNDES.


queria jogar tudo isso em um tradutor.

segunda-feira, 13 de abril de 2009

Descontinuidade

Tento ouvir o que vem de dentro e às vezes parece que já não tem mais nada vivo.
É só silêncio.
Tem algo que já morreu, que não volta, não evolui, não para e nem continua... parece ser só um status, só uma resposta permanente estimulada pelo hábito.

Não sei se é assim ou se isso simplesmente não tem que ser.

De verdade, nem sei se quero a resposta certa, pelo menos por enquanto.

quarta-feira, 18 de fevereiro de 2009

O mundo

Não entendo essa sua vontade toda de ficar aqui, acho que isso nunca fez sentido pra mim.
Mesmo depois de tudo, você não se deu conta ainda de que o que te mantém vivo é a descoberta, e não os laços já feitos.

Se parar pra pensar vai perceber rapidinho que já faz um tempo que o teu caminho não tem seguido direção nenhuma. É só esse circulo, que busca mais do mesmo sem parar, tudo pra satisfazer alguma carência ou sei lá o que.

Não quero ser apenas outro estímulo que só te faz sentir-se insuficiente, sei que isso já é incômodo o bastente mas, nesse caso, não tem outro caminho.
Se entrega logo, você já está mesmo cansado de se esconder do mundo.

terça-feira, 27 de janeiro de 2009

Vontade do mundo

Passei o dia todo com uma pressa tão grande me acompanhando. Mas não passageira, transitória, que fica até uma pendência ser resolvida. É uma pressa que faz parte, intrínseca.

Uma urgência em ser, em saber tudo, viver tão mais e em tantos outros lugares, com tantas outras pessoas. De saber falar todos os idiomas, conhecer os traços mais exóticos, olhar o mundo dos mais múltiplos ângulos.

Chega a ser algo físico, um entusiasmo violento que dá vontade de empurrar tudo o que está na frente e correr até encontrar o desconhecido, que exija de mim um novo aprendizado.

Todas as músicas, quadros, textos, aulas, paisagens, cheiros e sabores ficaram hoje insignificantes perto do que ainda existe para sentir.

A dúvida é se a culpa é minha, que caminho devagar demais, ou desse tempo confuso, que faz o mundo girar tão rápido certas vezes.

Preciso dar conta, correr, e me superar tanto e tanto. Só pelo prazer de descobrir, a cada momento, que nunca vou conhecer tudo. Sentir que tenho mais um passo pra dar e uma janela nova pra abir.

quarta-feira, 21 de janeiro de 2009

Tanta falação

Tenho reparado no quão seguro é construir confiança, relacionamento e história com atitudes mas sensível firmar tudo isso na bamba estrutura das palavras.

É uma avalanche tão grande de argumentos tentando convencer que fica difícil encontrar algum que mereça credibilidade. Fico tão cansada.

Geralmente as palavras que menos satisfazem vem seguidas de algumas grosserias e um bom tanto de desonestidade, são as mais bem arrumadas e menos confiáveis. Por precaução eu evito acreditar em conversas tão bonitas, nesse idelismo todo. Elas frequentemente funcionam como um calmante: te dão alívio, sono tranquilo e a esperança de que tudo ficou bem. Só no dia seguinte é que você quebra a cara quando se dá conta do efeito momentâneo e improdutivo.

Nem sou adepta do habitual "confiança é como cristal". Tenho prazer na mutação, construção e descontrução constante. Já aviso que não vão encontrar por aqui algo pronto, acabado, não mesmo. Espero que nunca. Mas nem o caos sobrevive sem consistência.

sexta-feira, 16 de janeiro de 2009

No meio do caminho

Uma vez vi um gatinho deitado na rua, encostado em um poste. Ele não devia ter nem um mês, era cinza, olhinhos fechados e todo encolhido, se escondendo do mundo. Cheguei perto, já pensando em uma maneira de convencer a minha família a aceitar um gato em casa, e, quando minha mão estava quase tocando o pelo dele, notei que ali já não tinha mais vida: a barriga estava toda aberta e nem os vermes que saíam dela se moviam mais.

Fazia uns 30 graus e o sol era tão forte em cima dele. Tinha gente indo e vindo, carro passando, ônibus fazendo barulho. Ficava difícil notar ele lá no meio.
Passei pelo menos uma semana pensando no gato. Em como o bichinho foi andando no meio da confusão até deitar no cantinho da rua e deixar os vermes o consumirem.

Hoje, vindo para o trabalho, vi na passarela a mulher que mora na rua e bebe pinga no bar do lado da minha casa. Ela tava lá no meio da poluição sonora, caída no chão, com o rosto todo inchado e remelas nos olhos. Apesar de ainda ter vida, parecia sem.

Passava tanta gente correndo pra pegar o ônibus ou chegar a tempo na aula de enfermagem do hospital ali do lado. Ela continuava lá, como se a pressa não deixasse ninguém enxergar.

Passei correndo também. Não tentei encostar nela e nem me preocupei se ela precisava ser tirada dali. Fiquei culpada... só isso.

terça-feira, 13 de janeiro de 2009

Só passando


E as coisas vão mudando...
Geralmente tão devagar que de dentro do vagão nem dá prá sentir o movimento.
Só algum tempo depois, sem querer, você se dá conta de que está lá, exatamente onde queria.

Às vezes é tão difícil perceber o passo em que a vida caminha que uma ou outra conquista acaba perdendo valor no meio de toda essa bagunça.
Bom é de repente notar que você, dia a dia, deu novas formas àquilo que precisava ser transformado e seus olhos enxergam agora uma escultura que parece trazer mais beleza do que realidade, de tão impressionante que é.